2019 • 12 músicas • 41min • 🅴
Tracklist:
- imagine
- needy
- NASA
- bloodline
- fake smile
- bad idea
- make up
- ghostin
- in my head
- 7 rings
- thank u, next
- break up with your girlfriend, i’m bored
"IMAGINE"
ROMANTISMO IDEALIZADO
A primeira faixa fala sobre uma noite ideal entre um casal: ”acordados a noite toda”, “na banheira”. Mas a expectativa amorosa é quebrada em “imagine um mundo assim”. A voz lírica está fantasiando sobre um relacionamento ideal, frustrada de não alcançar as expectativas; semelhante à escola literária do Romantismo. Como disse a cantora, “imagine“ é sobre negação de um término - oposto de “thank u next”, sobre aceitação. Essa angústia é muito comum entre os jovens do século XXI e pode ser, por exemplo, causa de depressão.
"NEEDY"
IMPERFEIÇÕES E INSEGURANÇAS
Nessa música, Ariana expõe as suas inseguranças e defeitos, como uma forma de “humanização” de sua figura pública. É fato que a sociedade tende a pensar que personalidades famosas são perfeitas e possuem “0 defeitos“, mas “needy” mostra que Ariana é uma pessoa “intensa”, “problemática”, ”obsessiva”, “que ama demais“ e, é claro, “carente”. Tal desconstrução expõe um lado mais humano e vulnerável de uma celebridade.
"NASA"
EMANCIPAÇÃO FEMININA
“NASA” é uma música que faz uma analogia entre a emancipação feminina e a astrofísica. Faz-se uma alusão da mulher como o universo e do homem como a NASA, esta que tem como objetivo conhecer e explicar a complexidade do grandioso e maravilhoso universo. Mas a voz lírica diz que “precisa de espaço” (brincando com os dois sentidos da palavra), já que quer se autoconhecer e ter independência. Em um trecho, ela diz que costumava orbitar ao redor do homem, mas agora apenas a gravidade a puxa. Essa é uma comparação válida ao empoderamento feminino, na questão de independência econômica, sentimental e psicológica.
"BLOODLINE"
“FICAR” OU NAMORAR
O título (“linhagem”) já remete à temática da música: um relacionamento livre e descompromissado, em que não há envolvimento sério. “Não quero você na minha linhagem” “só quero me divertir”. Essas novas modalidades de relacionamento no século XXI são tema para redação, com a tendência cada vez maior à ausência de compromisso/responsabilidade do “ficar” ao invés do “namorar”. Zygmunt Bauman pode ser relacionado ao assunto, em sua tese da efemeridade nas relações da atualidades.
"FAKE SMILE"
FELICIDADE NAS REDES SOCIAIS
A 5ª canção do álbum retrata um problema da carreira de celebridades como Ariana, mas que também afeta a todos nas redes sociais: a necessidade de se mostrar sempre feliz, com a vida perfeita. Como figura pública, ela é forcada a dar “sorrisos falsos”, mentir e reprimir suas emoções quando não está bem. Da mesma forma, na internet os perfis digitais são sempre construídos a partir da completa e total felicidade de todos, sendo reprimidas quaisquer vulnerabilidades para transmitir uma imagem “perfeita”.
"BAD IDEA"
RELACIONAMENTOS ABUSIVOS
“bad idea” é sobre o dilema de saber que alguém é ruim para você, mas mesmo assim querendo-o de volta. Trechos como “Eu tive uma péssima ideia: vou te ligar para você vir aqui aliviar a minha dor” mostram que, embora seja um relacionamento abusivo e não saudável, a sua perda exige um processo doloroso - pela própria manipulação envolvida. Assim, é fácil render-se à tentação de voltar àquela mesma pessoa por comodidade e alívio da dor, um processo de autodestruição.
"MAKE UP"
SADOMASOQUISMO
“É meio masoquista”, diz Ariana Grande sobre ”make up” a Zach Sang. E não mentiu: a música retrata um desejo de sofrimento pelo prazer sexual que o acompanha. Além do jogo de ambivalência de ”make up” (alternando entre “reconciliar” e “maquiagem”), trechos como “O jeito que você grita meu nome // Me faz querer fazer amor com você” e “Eu gosto quando você fica bravo // É um clima, é uma vibe” se enquadram na parafilia do sadomasoquismo presente na sociedade.
"GHOSTIN"
LUTO/VIUVEZ
Em maio, Ariana Grande e Pete Davidson anunciaram que estavam noivos; infelizmente, 5 meses depois, Ariana terminou o relacionamento, abalada pela morte de seu ex Mac Miller. Essa faixa do álbum demonstra justamente a dificuldade a qual enfrentou com o luto do falecido amante, sentimento comum entre o grupo social das viúvas. Para ela, era impossível manter uma relação com Pete, pois ainda sentia muito pela perda do póstumo ex-namorado.
"IN MY HEAD"
RELACIONAMENTOS ABUSIVOS
Assim como “bad idea”, é possível relacionar essa música a um relacionamento abusivo, adicionando outra perspectiva ao tema: a visão que essa pessoa tem de dentro da relação, quando enxerga o abusador de forma distorcida. O indivíduo é apaixonado por uma versão idealizada do parceiro criada em sua cabeça - ”Todos veem demônio, enquanto eu vejo anjo”. Ambas as músicas do álbum de Ariana discutem a manipulação provocada por um relacionamento abusivo.
"7 RINGS"
CONSUMISMO
“7 rings” é uma música sobre empoderamento feminino, mas que foca no enorme poder aquisitivo de Grande e na ostentação financeira. Pode-se pensar no famoso refrão (“Eu vejo, eu gosto, eu quero, eu tenho”) como uma representação da sociedade hiperconsumista, além da crítica à mercantilização de tudo na atualidade (“Gostou do meu cabelo? Obrigada, acabei de comprar”). A canção reflete uma mensagem diretamente oposta à reflexão do filósofo Epicuro, o qual dizia que a felicidade não advém do consumo: Ariana rebate com “Quem fala que dinheiro não resolve problemas, não tem dinheiro suficiente para resolvê-los”.
"THANK U, NEXT"
AUTOAMOR E EMPODERAMENTO
No famoso videoclipe de “thank u, next”, Ariana escolhe reproduzir 4 filmes dos anos 2000 que tem uma característica em comum: protagonistas femininas que passaram por um término e saíram mais fortes. Essa é a mensagem da música - a valorização do amor próprio antes do amor ao outro. Ariana reconta toda sua trajetória amorosa, agradecendo a todos os seus ex pelos momentos, para dizer que agora “conheceu outra pessoa”, ela mesma. É um hino de autoaceitação e empoderamento feminino.
"BREAK UP WITH YOUR GIRLFRIEND, I'M BORED"
MONOGAMIA
Embora haja outras teorias para o significado da música depois do vídeo, vamos pensar na mais simples: o ato de se interessar por uma pessoa comprometida. A voz lírica pede repetitivamente para que o homem “termine com sua namorada”, mas não fica claro se ela está interessada pelo homem ou pela namorada (fica a reflexão). Mesmo assim, a letra mostra um problema que a sociedade criou com a construção da exclusividade física e da monogamia, um fator coercitivo que é enraizado na sociedade e não é primitivo do ser humano, assim como o ciúmes.
EXEMPLO DE INTRODUÇÃO:
Tema Unesp 2019: "Compro, logo existo?"
Na canção de sucesso “7 rings”, da norte-americana Ariana Grande, é representada uma mentalidade de consumo perpetuada na sociedade do século XXI. Com a letra “Eu vejo, eu gosto, eu quero, eu tenho”, Ariana reafirma a visão de que “ter” se tornou sinônimo de “ser” em tempos como o de hoje, em que status é definido por ostentação financeira. Contrariando a teoria de Epicuro de que felicidade não advém do dinheiro, a cantora pop traz os fãs uma reflexão sobre o consumismo global: a população está cada vez mais usando a “terapia de compras“ como um vício escapatório da realidade.