2019 • 2h02min • 16+
Sinopse: Arthur Fleck é um homem que luta para encontrar o seu caminho na sociedade fraturada de Gotham. Preso em uma existência cíclica entre a apatia e a crueldade, Arthur toma uma decisão ruim que provoca uma série de acontecimentos nesse estudo de personagem ambicioso.
DOENÇAS MENTAIS
Arthur Fleck sofre de um transtorno denominado Transtorno da Expressão Emocional Involuntária, cujo aspecto marcante é a risada incontrolável, mas também exibe sintomas de depressão, distúrbios alimentares, alucinações e esquizofrenia. Ele é negligenciado, ignorado e atacado por sua condição, enquanto todos desviam seus olhos para ele nas ruas— uma apatia que é dolorosamente retratada no filme.
O PAPEL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
Fleck visita regularmente o serviço de assistência social de Gotham para sessões de terapia e fornecimento de seus pesados medicamentos. Ao ponto em que sua terapeuta já não consegue mais escutar os pacientes, o programa têm seu orçamento cortado e ele fica sem os remédios. É a partir do corte de recursos públicos que a queda do protagonista têm início.
CUIDADO! A PARTIR DAQUI CONTÉM SPOILERS DO FILME
PORTE DE ARMAS
Uma das maiores polêmicas do longa é a abertura do debate para o armamento estadunidense: é exposto como a violência do icônico Coringa têm origem na facilidade de aquisição de armas de fogo. Um colega de trabalho, Randall, empresta a Arthur uma arma para sua proteção após um incidente com garotos o espancando na rua. Da próxima vez, os atacantes seriam mortos.
CRIAÇÃO DE UM SOCIOPATA
Ao longo da narrativa, o espectador acompanha o agonizante processo de transformação de psicose em psicopatia, resultado de múltiplos fatores sociais impostos ao frágil personagem. Em realidade, no caso do filme, Coringa se torna um sociopata: diferentemente de um psicopata, que têm seu comportamento inato, um sociopata desenvolve as características durante a vida, por meio de traumas, da educação e da família.
ABUSO FÍSICO E PSICOLÓGICO
Quando menor, Fleck sofria da violência doméstica do namorado abusivo de sua mãe. Penny, que também sofre de problemas mentais, adotou Arthur e o levou para ser criado em um ambiente hostil e vulnerável, onde seu namorado chega a amarrar a criança em um aquecedor por um longo período de tempo e causa traumas psicológicos e físicos em sua cabeça.
MARGINALIZAÇÃO SOCIAL
Em “Coringa”, é discutido a segregação de diversas camadas que são base da estrutura social. Profissões pouco valorizadas, como palhaços de rua, se tornam invisíveis e alvo de piadas. Pela perspectiva de um comediante desajeitado, vemos Arthur mal-remunerado, demitido e ridicularizado por todos: desde o público de seu stand-up, homens na rua, até apresentadores de televisão.
DESCASO POLÍTICO
Thomas Wayne é o representante da elite de Gotham. Em uma cidade corrupta e que permite apenas a prosperidade dos ricos, Wayne concorre à prefeitura e diz em um de seus declaramentos televisivos que a pobreza é uma condição inata, como uma casta inferior, chamando os que a ela pertencem de “palhaços”. A partir de então, a máscara de palhaço vira um símbolo de resistência (Bella Ciao?).
VIOLÊNCIA POLICIAL
Em uma das perseguições de detetives ao Coringa, os policiais o procuram por vagões de trem com civis vestindo máscaras de palhaços. Em meio à confusão, brigas intensificam e os policiais recorrem às suas armas: um detetive mata um civil. Poderia ser Ágatha Félix.
JUSTIÇA PELAS PRÓPRIAS MÃOS
O filme aborda a violência popular como uma forma de vingança à realidade opressora, levando à morte dos representantes da elite (a família Wayne, por exemplo) e dos opressores dos marginalizados (os homens que atacam Arthur no metrô). Embora seja um outro tipo de vigilante, é demonstrado o efeito da justiça pelas próprias mãos: caos.
LUTA DE CLASSES
A revolução iniciada no final do filme representa a inversão de poder: os trabalhadores tomam o controle antes da elite, o que Marx teoriza como “luta de classes”. Para o filósofo, a história é feita de transformações no status quo causadas pela revolta da classe oprimida contra a classe opressora.
EXEMPLO DE INTRODUÇÃO:
Tema Unesp 2017: “A riqueza de poucos beneficia a sociedade inteira?”
No filme de 2019 “Coringa”, Arthur Fleck é um palhaço mal-sucedido que se tornaria o futuro arqui-inimigo de Batman ao iniciar uma rebelião popular contra a aristocracia local. Em Gotham, uma cidade corrupta e elitista que impede a prosperidade econômica dos desfavorecidos, Fleck é ridicularizado, rejeitado e violentado em cenas dolorosas que retratam a origem de sua violência vingativa. De fato, na realidade atual, a concentração de renda e a subcondição das camadas pobres resultam em mazelas sociais prejudiciais à todos: a perda de dignidade muitas vezes leva à criminalidade.