Série

Como usar Anne With An E na redação

2017-2019 • 3 temporadas • 60 min
Sinopse: "Depois de treze anos sofrendo no sistema de assistência social, a orfã Anne é mandada para morar com uma solteirona e seu irmão. Munida de sua imaginação e de seu intelecto, a pequena Anne vai transformar a vida de sua família adotiva e da cidade que lhe abrigou, lutando pela sua aceitação e pelo seu lugar no mundo."

ADOÇÃO

A série se inicia com Sr. e Sra. Cuthbert adotando Anne Shirley, embora estivessem à espera de um menino para ajudar na lavoura. A revelação do gênero não é bem recebida pela idealização prévia de um perfil pelos pais adotivos, problema muito comum e grave no sistema adotivo brasileiro.


PAPÉIS DE GÊNERO

Passando-se em 1908, a trajetória de Anne destaca os diversos rótulos ditos femininos e que infelizmente perduram até hoje. Quando, por exemplo, a Sra. Cuthbert quer devolver Anne ao orfanato por esta ser uma menina e “incapaz de trabalhar na fazenda”, são vistos os comportamentos de subserviência erroneamente esperados das mulheres.


BULLYING

Na nova escola de Anne, a protagonista é mal tratada e ridicularizada por seus colegas por ser orfã, adotada e por ter cabelo ruivo. Ela é excluída por possuir um pensamento diferente do da época, o que causa um constante e duradouro sentimento de rejeição e não-pertencimento na menina.


INOVAÇÃO NO ENSINO

O professor da cidade era um homem que seguia um método tradicional de ensino: deixava alunos de castigo de costas, os humilhava, usava régua e instigava o bullying. Após sua transferência, entra uma professora nova, causando um grande alvoroço na cidade por ser uma mulher solteira. Ela muda o molde de ensino para aulas ao ar livre, debates e desenvolvimento de senso crítico. Os pais e a aristocracia conservadora da cidade se opõem à presença dela.


HOMOSSEXUALIDADE

Cole, um dos melhores amigos de Anne, compartilha do sentimento de não pertencimento da protagonista. Fugindo do papel masculino na lavoura e na caça, ele preferia o mundo sensível da literatura e das artes, onde encontrava seu refúgio. Em um dos episódios, eles conhecem Josephine, uma mulher lésbica, e descobrem uma comunidade inclusiva daquela época. Assim, Cole explora sua verdadeira sexualidade, até então inexistente e impossível no seu imaginário.


ABUSO SEXUAL

No início do século XX, contatos físicos como abraços e beijos são proibidos antes do matrimônio. Nesse contexto, Josie Pye, prometida a Billy Andrews por interesse de seus pais, sofre um assédio em que, por mais que gostasse de Billy, é beijada à força. Josie foge e conta o ocorrido a suas amigas, porém Billy, insatisfeito, espalha que os dois teriam ido além, difamando a menina. Em outro episódio, as meninas tem suas saias levantadas na hora do almoço, o que leva Anne a dizer uma das maiores frases da história: “Uma saia nunca é um convite”.


LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Com a difamação de Josie, Anne escreve um artigo inflamado para defendê-la, em um exemplo de sororidade. Com um texto que pregava o empoderamento feminino e repreendia o machismo, ela sofre rejeição por todos os lados. Os comandantes da cidade buscam tirar a imprensa da escola, sob a justificativa de que representaria uma ameaça, mas os jovens organizam um protesto a favor de sua liberdade de expressão.


O PAPEL DA LEITURA

Durante sua vida no orfanato ou em casas provisórias, Anne foi vítima de condições precárias, abusivas e difíceis e encontrou a leitura como um refúgio mental. A menina, que escondia livros nos porões para que pudesse ler nos raros momentos de paz durante a madrugada, assim desenvolveu sua grande imaginação, vocabulário e ideias, revelando a importância da leitura.


RACISMO

Quando Gilbert Blythe, amigo de Anne, decide se aventurar pelos mares, ele conhece Sebastian (ou Bash), um homem negro com quem estabelece uma forte amizade. Bash se surpreende que Blythe não se importa com sua cor, visto que não estava acostumado com solidariedade de brancos. O retorno dos dois a Avonlea leva a inúmeras situações de racismo, discussão muito presente nas 2a e 3a temporadas.


CONVIVÊNCIA COM A DIVERSIDADE

No fim, a série traz a mensagem de que é preciso aprender a respeitar e conviver com as diferenças, já que a multiplicidade é inerente aos seres humanos e não é de hoje. Como alguns exemplos, temos Anne fugindo dos rótulos femininos, os Cuthbert que nunca se casaram, Cole com posturas diferentes das rotuladas para meninos, e a professora Stacy que veste calças e gosta de motocicletas.


EXEMPLO DE INTRODUÇÃO:
Tema: “Os desafios da adoção de crianças no Brasil”

Na série canadense “Anne With An E” situada em 1908, os irmãos Sr. e Sra. Cuthbert procuram adotar um garoto para ajudar em sua lavoura, mas, para sua surpresa, recebem uma menina, Anne. Logo de início, a mãe adotiva considera devolvê-la para o orfanato por garotas não serem consideradas aptas para realizar trabalhos físicos. Embora Anne conquiste o carinho de seus novos pais, a série demonstra como o problema da idealização de um perfil para adoção persiste até hoje. De fato, o principal desafio para a adoção no Brasil está na demanda por perfis estereotipados e na discrepância da realidade nos orfanatos.